Atividades altamente repetitivas ou monótonas no trabalho podem potencializar baixa produtividade, sensação de incapacidade e oscilações de humor
Quer perder um dos melhores talentos em sua empresa? Mantenha-o na rotina! Isso mesmo, fazer atividades altamente repetitivas ou monótonas, como gerenciar diariamente um e-mail, preencher sempre uma tabela de Excel, ficar olhando por horas a fio monitores, permanecer em pé sem nenhum tipo de estímulo e gerenciar agendas dos gestores, por exemplo, podem ser fatores encarados com otimismo no início do emprego, mas que depois de anos de prática caem na mesmice. E isso não é um caso isolado, já que dados de uma pesquisa realizada pela consultoria Korn Ferry, em 2018, apontou que estes são motivos para o colaborador, exaurido, buscar novas oportunidades e desafios no mercado de trabalho.
Ainda segundo o levantamento, essas pessoas se cansam por tédio, apatia, estresse e vontade de mudanças e evolução empresarial. “Os que não adotam um estilo de vida mais saudável e não possuem condições de trabalho ergonomicamente adequadas, podem acabar sofrendo intercorrências físicas, aquelas conhecidas como as Lesões por Esforço Repetitivo (LER), por exemplo; além ainda de questões que acometem a saúde mental e o bem-estar dos trabalhadores, como o Burnout, a baixa produtividade, a sensação de limitação e de incompetência, se comparados aos demais profissionais da empresa que possuem atividades mais ativas”, destaca a médica do trabalho, Ana Paula Teixeira, consultora e especialista em Saúde e Bem-Estar.
Ainda de acordo com a médica, é importante lembrar que o emprego é lugar de otimizar e partilhar conhecimentos. Portanto, qualquer coisa que vá de encontro, pode afetar e frustrar as expectativas de quem busca crescer na área. Soluções podem ser aplicadas para mudança de atividade, evitando que os colaboradores trabalhem sob rotina intensa e desorganizada ou, por outro lado, monótona e sem desafios. Uma delas é automatizar processos e procedimentos. “Nós não somos máquinas. Somos seres pensantes. Então, deixemos para as máquinas o que pode ser feito por elas. Enquanto nós, trabalhamos em prol de uma evolução constante de performance colocando nossa criatividade a todo vapor, na busca de soluções para os problemas, especialmente os mais complexos”, reforça Ana Paula Teixeira.
Outra questão salientada pela especialista diz respeito aos riscos de trabalhar no automático, como citado acima. “Vamos pensar em uma construção. Se o trabalhador, de tão automático ou, pela atividade que considera maçante, se distrai totalmente, pegar e jogar os blocos em direção ao colega, ele pode se distrair, causando acidentes. O mesmo pode ocorrer com erros em planilhas e planejamentos; ou ainda dificuldade de criar ações e atividades diferentes do que se encontra habituado por falta de prática”, completa Ana Paula Teixeira.
Mas, a médica afirma: é possível aumentar a produtividade nas empresas e otimizar o trabalho dos colaboradores também, evitando atividades altamente repetitivas ou monótonas e o desinteresse pelo labor. Abaixo, Ana Paula Teixeira selecionou algumas dessas opções. Confira:
- Buscar automatizar alguns dos serviços da empresa pode ser um diferencial. Assim, o colaborador gastará menos tempo com atividades burocráticas e terá mais chances de se colocar em ações proativas.
- Deixar um canal de comunicação sempre aberto com os colaboradores, de modo a manejar melhor as demandas.
- Praticar a divisão de atividades e a troca frequente das atribuições burocráticas. Assim, o trabalhador não precisará fazer as mesmas atividades todos os dias.
- Criar estratégias de motivação, estimulando que os colaboradores saibam da importância do papel exercido, independente da função.
- Promover reuniões de equipe, escutando os profissionais sobre melhorias que podem ser adotadas em cada especificidade do trabalho.
- Estimular a prática de atividades físicas, de forma individual e em grupo.
- Em casos de estresse ou problemas de saúde mental, a melhor opção é buscar um especialista.
Comentários
Postar um comentário