Dia Mundial do Lúpus (10|5): doença autoimune que ataca os tecidos saudáveis do corpo


Segundo a especialista, nos últimos anos, dois medicamentos biológicos foram aprovados para uso no LES


Na próxima sexta-feira, 10, o mundo e o Instituto Bahiano de Imunoterapia (IBIS) se unem para celebrar o Dia Mundial do Lúpus, uma data importante que destaca a conscientização e o apoio à comunidade afetada por esta doença autoimune crônica, caracterizada por uma importante desregulação do sistema imunológico, que começa a atacar os próprios tecidos e células de forma equivocada. Segundo a SBR - Sociedade Brasileira de Reumatologia, estima-se que a condição afete cerca de 65 mil brasileiros, entre 20 e 45 anos de idade, sendo a maioria, mulheres.


De acordo com a reumatologista da Clínica IBIS, Dra. Viviane Machicado, embora a causa exata ainda não seja clara, o lúpus é considerado uma doença multifatorial. “Acredita-se que ocorra através de uma predisposição genética associada a influências e estímulos ambientais”, afirma a especialista. Alguns fatores de risco, como a exposição solar ao raio ultravioleta (UV), tabagismo, infecções virais, fatores hormonais, medicamentos, entre outros, favorecem o desenvolvimento dessa patologia.


A inflamação causada pelo lúpus pode afetar muitos sistemas e órgãos diferentes, incluindo articulações, pele, rins, células sanguíneas, cérebro, coração e pulmões. Os sintomas vão desde fadiga extrema e dores articulares, até a erupção cutânea em forma de borboleta no rosto que cobre as bochechas e a ponta do nariz ou lesões de pele que aparecem ou pioram com a exposição solar, queda de cabelo e aftas orais. Ele pode ser manifestado de quatro formas e causas distintas. As principais delas são: o lúpus eritematoso cutâneo (discóide) – limitado a pele; o lúpus eritematoso sistêmico (LES) – quando a inflamação ocorre em todo o organismo da pessoa; o lúpus induzido por drogas – causada por medicamentos e o lúpus neonatal – bastante raro e afeta filhos recém nascido de mulheres portadoras da doença.


Tratamentos:


Conforme explicado pela Dra. Viviane, o tratamento para o lúpus deve ser individualizado, analisando as alterações encontradas em cada paciente. Tendo como objetivos gerais evitar crises, aliviar os sintomas e reduzir danos a órgãos. “Todos os pacientes com LES devem ser tratados com medicamentos que ajudem a modular a resposta imunológica, reduzindo a resposta autoimune, a exemplo da hidroxicloroquina.”, sinaliza a profissional.


Os corticoesteróides são uma classe importante de medicamentos que devem ser usados em dose adequada na fase ativa da doença, para reduzir rapidamente o processo inflamatório. Entretanto, eles têm muitos efeitos colaterais, principalmente, se utilizados por tempo prolongado, a exemplo de aumento de peso, indução de diabetes, glaucoma, catarata e osteoporose.


Os imunossupressores são uma classe de medicamentos que podem ser necessários em alguns pacientes, para ajudar a controlar a doença e suspender os corticoides. “A escolha do imunossupressor vai depender do acometimento de cada paciente”, afirma a médica, reforçando que dentre os principais efeitos colaterais desta via de tratamento está o aumento do risco de infecções oportunistas.


Ainda segundo a reumatologista, nos últimos anos, dois medicamentos biológicos, o Belimumabe e o Anifrolumabe foram aprovados para uso no LES, aumentando a oferta do arsenal terapêutico e permitindo uma maior chance de alcançar a remissão.


Qualidade de vida:


Para controlar a saúde de forma eficaz no dia a dia, os indivíduos com lúpus devem seguir o acompanhamento regular com o reumatologista assistente, aderindo ao tratamento proposto e realizando exames periodicamente. Intervenções não farmacológicas incluem: proteção solar, cessação do tabagismo, dieta saudável e equilibrada e exercício físico regular.

No LES, devido à sua natureza sistêmica e crônica, pode afetar muitos aspectos da vida do paciente, diante de sintomas como fadiga e dor. Sendo assim, a qualidade de vida dessas pessoas costuma ser comprometida com impacto na vida profissional e social, imagem corporal e relações familiares. “Por isso, esta data é extremamente importante para falar sobre a influência biopsicossocial da doença nas pessoas com Lúpus e seus familiares, e sobretudo, debater acerca da necessidade de melhoria nos serviços de saúde para o diagnóstico e tratamento precoces”, finaliza a Dra. Machicado.

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